27.9.05

O voto paradoxo

O mesmo voto que serviria para derrotar e «condenar» serve para eleger e «inocentar»? Parece que sim.
Apesar de não ter vivido o 25 de Abril de 1974 da mesma forma que alguns «detentores» do direito a reivindicar a Democracia, faço parte da geração que cresceu a ouvir os dissabores daqueles que viveram numa ditadura. Para além de muitas queixas, o facto de não poderem votar, elegendo quem queriam, era o que o mais custava ao povo.
O direito ao voto - o valor mais elevado de uma democracia – poderia assim tornar-se no poder absoluto de escolher entre o bom e o mau, ou por vezes, entre o medíocre e o mau. Mas como pode então uma população escolher para liderar os seus destinos pessoas que muito pouco fizeram pela terra? Onde o saneamento não está instalado na grande maioria do concelho, poluindo os cursos de água e poços, dando origem a doenças. Onde não existe planificação urbana, industrial uma estratégia global ou um futuro. Onde não existe política social, - o parque de habitação social definha à mingua, e não se constrói novo – onde não existe política de juventude – nada!
Mas é precisamente onde existe mais carência social e problemas que subsiste o «pequeno favor», do emprego na creche da freguesia, da escola, no alargamento do caminho, do muro, do rego da água e aí os autarcas são reis e senhores, venerados imperadores do populismo demagógico.
Alguns chegam ao ponto de considerar o processo eleitoral um qualquer julgamento em que o júri é o eleitorado e dando-lhes a vitória, lhes dá também a inocência, juridicamente presumida é certo, mas incerta de facto.
Votarei, sim, mas não para derrotar. Votarei para eleger, democraticamente !

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