É um hábito.
E é tão nosso como o fado. Quando atingidos por alguma “desgraça”, nunca é por
nossa culpa, mas sim o destino que nos atinge, algo de inevitável que devemos
aceitar e conformarmo-nos. Se não ficarmos conformados, sempre podemos pedir ao
Estado um qualquer apoio, ou então que se alterem as leis. Somos peritos nisso –
alterar leis para que melhor se adaptem à atual circunstância, ou ao nosso setor
de atividade.
Foi isso que
hoje ouvi dizer, novamente, da boca de Luís Lima, presidente da APEMIP.
Diz ele que
as imobiliárias andam pela rua da amargura, que não vendem, que está cada vez
mais difícil. São as penhoras e consequentes retomas dos bancos - 6.900 em 2011,
das quais 29,9% são de promotores imobiliários – que fazem baixar os preços
porque são colocadas no mercado a um preço inferior. Até ao ano passado eram os
bancos porque avaliavam os imóveis muito abaixo dos preços de mercado
inviabilizando os financiamentos.
Solução?
Enviar um documento ao governo com propostas que passam por alterações
legislativas e, no passado recente, que tivessem sido criados incentivos ao
investimento na reabilitação urbana.
Não há
absolutamente nada que seja feito em Portugal que não tenha que ter a cobertura
do Estado? Ser empresário é ter a capacidade de risco, de empreender, de criar
e implementar as melhores soluções perante os obstáculos.
No final de
2007, fiz, na empresa onde era diretor comercial, em conjunto com a equipa, uma
análise da relação “valor da venda / valor financiamento / valor avaliação” para
todas as transações do ano e verifiquei que o valor médio da avaliação tinha caído
cerca de 3,7% desde o início do ano na nossa zona de intervenção. Medida para o
ano seguinte? Fazer repercutir nos Estudos de Mercado e no melhor aconselhamento
dos clientes esses mesmos valores.
Principais
dificuldades? Começando desde logo pelos Angariadores da equipa que querendo
fechar angariações lutavam num mercado tradicionalista contra comissões mais
baixas, contratos “em aberto” e o pior dos problemas, aceitavam a
comercialização por qualquer preço. Mas assim que conseguiram ver que os
resultados apareciam deixou de haver problema para termos uma solução. Só assim
se conseguiu quase triplicar o volume de vendas. Depois a maior de todas: não
há mercado para construção nova e o foco deverá estar sempre, mas sempre no
cliente particular (na generalidade, claro).
Durante todo
este tempo assisti ao antecessor de Luís Lima na APEMIP, criticar a rede RE/MAX
porque lançou os saldos de imóveis, porque lançou em Portugal o conceito de “Open
House”. Que isso provocava um distorção dos valores de mercado, etc.. A própria
“rede” da APEMIP assim como a maioria das outras redes vieram seguir a RE/MAX
quando verificaram os bons resultados obtidos.
Não me
recordo de alguma vez ter assistido a uma iniciativa do presidente da APEMIP a
reunir com os seus associados a fazer uma análise do mercado e a indicar um caminho
a seguir, a reconhecer o óbvio – os preços estavam elevados e não há mercado
para habitação nova – e a implementar medidas para isso. Só que existe um
problema que a APEMIP padece: a demasiada proximidade com os promotores
imobiliários e os seus grandes interesses. É que, não sei se repararam, mas
cerca de 30% das dações em pagamento foram feitas por promotores imobiliários.
Acho que
está na hora do presidente da APEMIP perguntar o que ele pode fazer pelos
mediadores e não o que estes podem fazer por ele.
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