18.12.09

a poucos dias do Natal

Este ano não me apetece mesmo nada ir às compras de Natal. O espírito natalício ainda não anda por estes lados….

15.12.09

Natal SMS (*)

Normalmente a noite custava imenso a passar. O frio da época deixava apenas colocar de fora nariz e olhos que, na penumbra, procuravam algum sinal do amanhecer na persiana, indicando que estava na hora de acordar. Chegava a hora e saltávamos os quatro da cama para vestir e fazermo-nos à estrada com os pais. Estava na hora de ir para casa dos avós passar o Natal.
A viagem de três horas era uma aventura sem as actuais auto-estradas, mas guardo gratas recordações de paisagens do Douro, quando passávamos da Régua a Lamego – penosa subida essa que fazia o meu irmão passar de branco a azul e outra vez a branco em apenas treze quilómetros! – depois, Viseu, Mangualde e por fim, Gouveia. Ou melhor, Nespereira, uma aldeia do concelho de Gouveia. E não havia melhor aldeia para ver a Serra da Estrela em todo o seu esplendor. A casa dos meus avós era quase a última, no cimo da rua e da ampla varanda via toda a aldeia e aquele espectáculo do pôr-do-sol reflectido na brancura da serra. Hoje recordo tudo isso sem que na altura me tenha apercebido das memórias que me iriam marcar. Recordo, com saudades, o meu avó, homem grande e corpulento, de poucas falas, mas de uma ternura para com todos. Ficava sentado num dos cantos da casa que lhe permitia observar, com atenção, os netos nas suas tropelias e correrias por todo o lado. Sorria com a nossa alegria, vitalidade e curiosidade próprias de miúdos traquinas a espreitar coelheiras, galinheiros e pombal para saber das novidades por entre a bicharada. A minha avó, não aguentava de saudades e contava cada minuto até a nossa chegada, abraçando cada um de nós até ao sufoco, com o seu largo sorriso que manteve até ao fim da sua longa vida. Esperava sempre por nós para fritar as filhós, quentinhas, sabendo ela que eu só as comia assim. Entretanto, eu partia as nozes e avelãs na soleira da porta ainda hoje não sei porquê, mas era lá, e em mais nenhum sítio que o fazia.
Chegavam outros tios e primos e a alegria era a dobrar. Todos a correr pela casa, jardim e horta fora. O espaço ficava pequeno e a rua era campo de futebol e do jogo da cabra cega, vinham outros miúdos da aldeia e a festa era completa.
A minha madrinha, pior que os miúdos na ânsia de ver a nossa alegria com as prendas, estragava sempre a surpresa aos pais, entregando as prendas, normalmente uma para cada um, logo a seguir ao jantar, quando não era antes. Depois, de enorme convívio entre todos, ficávamos distribuídos ali, outros na casa de familiares. Depois era dia de visitar a aldeia quase toda (pensava eu na altura) tal era o número de familiares a visitar naquele dia, mas havia uma casa em que os miúdos imploravam para não ir. A casa da tia Olívia. Não que fosse má pessoa, nada disso, mas tinha um bigode que picava mais que arame farpado, e nós, quais vitimas, fazíamos fila para a cumprimentar debaixo dos olhares dos pais, não fosse algum fazer a desfeita de não receber um beijo farfalhudo da tia Olívia. Depois, o regresso. Ainda não tínhamos deixado de ver a avó a acenar e já estávamos com saudades daqueles ares e liberdade, dos cheiros e da grande fogueira que se acendia desde o Natal até ao Ano Novo.
Agora a família é mais reduzida. Com a morte dos avós a família transforma-se. Cada um dos tios passam a ser avós e o local de celebração passa a ser a sua própria casa, mas com isto veio também um Natal que começa no inicio de Novembro, com catálogos na caixa do correio, em todos os jornais, como suplementos, como oferta disto e daquilo, meu Deus, tanto papel! Depois começa o rebuliço das prendas, dos embrulhos, das compras. Quando por fim chega o Natal já estamos cansados e a pensar onde vamos passar o Ano Novo. Não existe a magia do Natal de outros tempos, tudo se tornou comercial, banal. A antiga forma de desejar feliz Natal com uma visita ou um postal, foi substituída por uma simples e preconcebida mensagem de telemóvel, cheia de floreados, enviada para pessoas da nossa lista cuja última vez que falamos com elas foi… com uma mensagem no Natal anterior.
Este ano, não haverá Natal SMS… pelo menos para mim.
(*) Expresso de Felgueiras, 11 de Dezembro 2009

2.12.09

Consumidor enganado?

As autoridades colombianas proibiram uma sobremesa apresentada num festival de gastronomia com o nome de “sobremesa da paixão”, isto porque usava o medicamento Viagra como ingrediente. Quem disse que os consumidores não gostavam de ser enganados?

1.12.09

Chá e bolinhos

Chá, bolinhos, livros, vários livros – "Os Generais" estão a dar luta e é soberbo do ponto de vista histórico – chove copiosamente como verifico de cada vez que finjo ter vontade de sair e espreito pela janela. Continuo na ronha, muita ronha. Sabe bem estar assim, lendo e tomando apontamentos sobre tudo o que me vem à cabeça. Abençoado caderno preto, que muitos teimam em o tratar com um anglicanismo qualquer. No fim do dia, espreitar a net, com apenas um olho aberto e publicar, aqui, um fugaz pensamento que escapou como o calor quando abri a porta.

30.11.09

Clientes Satisfeitos ??? Não !!!

Sabe o quê que a sua empresa – onde trabalha também é sua – vende? Num concelho fortemente industrializado no sector do calçado, como Felgueiras, a tendência será para dizer, sapatos. Podemos utilizar muitos outros produtos como exemplo, contudo, aquilo que nós vendemos são serviços. Quer estejamos no sector de serviços ou na indústria, o serviço que prestamos ao cliente é que faz a diferença. Por exemplo: o que vende a McDonald’s? Hambúrgueres? Se respondeu que sim, está errado. Vende uma experiência, vende segurança, vende comodidade e vende tempo! E a Harley-Davidson vende motas? Claro que não. Vende mais uma vez experiências únicas de vida. Vende lifestyle (estilo de vida), experiences (experiencias) e emotions (emoções). Um homem de 46 anos que compra uma Harley-Davidson quer experimentar um estilo selvagem, a liberdade de passear por essas estradas fora, percorrendo curvas e curvas pelo prazer que lhe dá. Ele não comprou uma mota! Acha que ele é um cliente satisfeito? Claro que não. Ele é um fã incondicional da marca.
Qual o erro mais grave que os gestores continuam a cometer? Ou então mais grave ainda. Qual o conceito que ainda não perceberam? Ainda estão agarrados ao conceito de cliente satisfeito como um cliente alegre, contente, feliz, agradado. Hoje em dia quase todas as empresas estão nesse patamar e “clientes satisfeitos” é o que mais há por aí. Mas o que faz a diferença? Com a metáfora do bolo de aniversário chegamos lá: pense num bolo através de 4 gerações e podemos dizer que cerca de 1945 tínhamos a economia das matérias-primas e então compramos farinha, açúcar, etc. e fazemos um bolo em casa. Gastamos 1 €. Por volta de 1960 com a economia de produtos vamos ao mini-mercado e compramos um preparado de bolo que vai ao forno e gastamos 3€. Com a economia de mercado, por volta de 1975 compramos o bolo de aniversário numa das várias pastelarias existentes por 10€. Nos dias de hoje, o aniversário tem que ter uma festa no restaurante e uma ida à discoteca, ou os filhos a quererem celebrar na pizzaria “x” e com os amigos! Preço de 100€. Isto chama-se economia de experiencias. Onde está o maior salto de facturação/lucro? Quando se passou para a economia de experiências, obviamente. Assim não nos podemos dar ao luxo de vender produtos ou serviços mas sim experiências!
Reparem que não se trata de uma questão de semântica, nem de modas de termos. É uma questão de atitude. Quem a tem comanda o mercado, lucra exponencialmente, quem não a tem segue caminho e faz pouco mais que o break-even. Por isso, clientes satisfeitos? Não !!! Clientes Maravilhados !!!

De volta à estrada

Mais de dois anos depois volto a escrever e a publicar no meu blogue. Este é apenas meu, de mais ninguém. Algo que uso só para mim, para o que me vai na alma e no espírito. Aqui, posso escrever, e dizer, o que não posso aqui ou publicar as minhas fotos que não posso aqui. Será um espaço para dizer o que me der na “real gana”, com ou sem razão, não importa. É meu, apenas meu.