O início de 2014 parece
bastante mais promissor do que foi 2013 para a grande maioria dos portugueses.
Apesar de ainda não se verificarem melhorias no bolso de cada um de nós, e
ainda estarmos a ser vítimas de cortes, especialmente a função pública, há
sinais positivos na economia que, a continuarem no sentido da melhoria, vão
permitir uma recuperação económica e sairmos preparados para o período
pós-troika.
Mas será que a saída da
troika do país representará o fim dos sacrifícios? Voltaremos às velhas formas
de gerir os dinheiros públicos com as consequências que todos nós sabemos?
Espero, sinceramente, que não. Espero que tenha valido a pena o sacrifício de
uma geração para que as próximas consigam alavancar este grande país, com enormes
potencialidades e gente capaz de, em momentos de grande exigência, demonstrar
que somos capazes de ultrapassar os maiores obstáculos e dificuldades.
Mas voltaremos ao tempo em
que se alimentava a máquina do estado com mais e mais funcionários, com serviços
cheios de gente e outros com enorme falta de funcionários? O estado deve repensar
a sua forma de contratar, não cortando em absoluto, mas ajustando as
necessidades de contratação tal como o setor privado faz. E fará sentido
empresas do estado que dão milhões de prejuízo a cada ano, que sejam mantidas a
todo o custo quando nem sequer fazem parte de um desenvolvimento estratégico
nacional? Valerá a pena continuar a manter subsídios de assiduidade a alguns
funcionários das empresas de transporte, quando a assiduidade é uma obrigação
decorrente de um contrato de trabalho? Eu bem sei que temos a questão dos
direitos adquiridos, da nossa Constituição e das greves que o setor dos
transportes públicos faz dia sim, dia não, prejudicando milhares de pessoas e aumentando
o buraco financeiro da empresa em mais uns milhões. Mas em rigor e pelos
estudos de opinião a grande maioria dos portugueses concordam com o fim destas
regalias e contra a disparidade entre o setor público e o privado, e mesmo
dentro do setor público há um sem número de diferenças, dependendo do setor do
estado em que se trabalha.
Continuaremos a ser um país
gastador do que não tem, deixando para as gerações futuras o ónus do pagamento
como acontece hoje com as famosas Parcerias Público-Privadas, hipotecando todo
um futuro de uma geração? Continuaremos a sobrepor autoestradas em trajetos já
existentes, com custos enormes para o estado? Continuaremos a aumentar o buraco
social que já é enorme na nossa sociedade?
Eu sei que são muitas
questões que aqui coloco mas que todos nós devemos procurar encontrar uma
resposta e decidir se queremos fazer parte da solução ou do problema. Por norma
ninguém gosta de ver a sua rotina mudada, nem a sua vida alterada, mas será que
não conseguimos colocar encontrar de novo o caminho tal como fizeram os
ratinhos Sniff e Scurry, personagens da famosa obra de Spencer Johnson “Quem
mexeu no meu queijo?”
Expresso de Felgueiras, 22 jan'14
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