Apenas cinco semanas depois de tomar posse no Parlamento Europeu,
Marinho e Pinto, um dos dois eurodeputados eleitos pelo MPT, dá o dito pelo não
dito, e abandona o cargo para o qual duzentos e trinta e quatro mil seiscentos
e três portugueses o elegeram. Prometeu trabalhar como uma “formiguinha” (sic)
que, pelos vistos, cansou-se depressa. Nem mesmo o facto de ter dito durante a campanha
que iria para o Parlamento Europeu porque “a democracia está num processo de
degenerescência” o segurou.
Afinal, diz ele agora que “os problemas nacionais são mais importantes
que os Europeus” como se, quando ele para lá foi, não existissem os mesmos
problemas.
Mas tudo isto tem uma enorme vantagem. Os portugueses que nele votaram
perceberam o grande flop que Marinho e Pinto se revelou. As ambições elevadas
pré-eleições, tiveram novo combustível com os resultados eleitorais. Marinho e
Pinto percebeu que não podia deixar esmorecer algum do capital político que
conquistou e regressa ao país para nova missão: ser eleito deputado. O pior é
que no discurso completamente populista em que lhe é fácil o verbo, pode
enganar, desta feita, uns quinhentos mil votos imprudentes de protesto contra
os partidos tradicionais e ser eleito deputado abdicando desta vez passado umas
quantas semanas, para ser candidato a Presidente da República. É que as
eleições são seguidas e pode ir somando seguidores do populismo fácil. Marinho
e Pinto não se compromete com nada nem com ninguém, apenas protesta, e quando
protestamos em tempos difíceis, é muito fácil encontrar alguém que se reveja
nas palavras. Também não faz nada, não se lhe conhece uma medida, uma proposta,
ou outra coisa qualquer que tenha feito na Europa a favor dos portugueses, ou, pelo
menos, dos seus eleitores. A única coisa pela qual Marinho e Pinto é conhecido
é por ter tornado a Ordem dos Advogados num sindicato de protestos e de guerra
pessoal contra a Ministra da Justiça.
O
azar de Marinho e Pinto foi o timing escolhido. Tinha que ser este para a sua
estratégia pessoal, mas defraudou muitos dos eleitores que não votarão nele,
conquistando outros de certeza. Quem não deve estar a achar piada mesmo nenhuma
é o BE e a ala mais à esquerda do PS. É que nas próximas legislativas, com as
feridas ainda abertas na família socialista, haverá muita gente a protestar
através do populismo.
Crónica de opinião 11/08/2014 no bomdia.be
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