28.9.21

Anatomia de uma derrota

O PSD Felgueiras sofreu uma derrota brutal. Não importa se foi o pior resultado, ou um dos piores resultados, foi demasiado mau. 
Vitor Vasconcelos, o rosto principal da derrota apenas porque lhe calhou na sorte (ou azar) ser o cabeça de lista de uma má lista, quando até nem queria ser candidato. Sabia, e bem, que era demasiado cedo para o ser, por vários motivos que já referi em várias crónicas ou posts. Não estive com a candidatura de Vitor por motivos que já referi mas, há que ser justo, revelou humildade, estofo para sofrer sozinho (sim, desenganem-se aqueles que acham que se tem muita gente à volta, isto é um processo muito solitário), e capacidade de dar um cunho pessoal em algumas (poucas) áreas. Gostei, como já disse, da área das medidas ambientais a que sou particularmente atento. 
Posto isto, Vitor Vasconcelos não é o principal culpado desta derrota humilhante. Uma direção de campanha encabeçada por João Sousa completamente errada e equivocada quanto à leitura do eleitorado, da mensagem, das “guerras compradas” como, por exemplo, o processo dos burros, e dos empréstimos, apenas para dar dois exemplos. João Sousa e Eduardo Teixeira, estrategas desta candidatura deveriam assumir as suas responsabilidades, mas já sabemos que não o farão. João porque ganhou a sorte de ter sido eleito membro da AM, continuará com a sua agenda sempre própria - desenganem-se aqueles que pensam que há trabalho “para o partido”, isso só acontece quando tal se integra com a sua agenda pessoal -, porque “controla” as listas de militantes e porque adora jogos psicológicos como tentar intimidar junto à mesa de votos. Eduardo porque se vier a ser eleito como membro da AM (falta resolver a questão de Jugueiros) terá o palco e presenças no partido de onde foi expulso e reintegrado por aquele(s) a quem dava jeito ter um “pavio curto” para incendiar e comprar as guerras que o próprio não tem coragem para travar. Mas é certo que onde estiver destruirá e arrastará tudo à sua volta. Mas há também uma jota que para além do ruído, palminhas e corações nas redes sociais, não foi capaz de movimentar e motivar os jovens a votarem nesta candidatura. O que lhes sobra em energia, vontade e capacidade de insultar nas redes sociais, faltou-lhes na capacidade de chamar eleitores, que são aquelas pessoas que votaram sempre no partido e que não se revendo nestes rostos que nunca tinham aparecido e nunca lhes disseram nada, votaram na candidatura que mais confiança lhes oferecia. 
Se querem o bem do partido, a renovação não passa apenas por pessoas mas também pela estratégia e tática.

P.S. Já são esperados os fakes do costume.

19.5.21

A renovação

O Presidente da República, que não larga a sua veia de comentador, veio dizer que o próximo Orçamento deverá passar na Assembleia da República nos mesmos moldes que passou o anterior e que no pós-autárquicas haverá uma remodelação governamental. Não sei se o presidente já discutiu isso com o primeiro-ministro, ou se é o que ele deseja. Independentemente disso, não posso concordar mais quanto à remodelação.

(continue a ler aqui)

10.5.21

E os do SEF estão quase safos

O Tribunal que está a julgar os três inspetores do SEF acusados do homicídio de Ihor, cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa, acabou por, em conjunto com o Procurador, deixar cair a acusação de homicídio para passar a acusar por ofensas à integridade física privilegiada, agravada pelo resultado. Estamos a falar de uma redução da moldura penal substancial, quando sabemos que o crime de homicídio é punível com pena de prisão até 25 anos.

A prosseguir esta linha estamos a falar de mais uma decisão incompreendida pela maioria dos portugueses, para não falar da viúva. Desconheço o processo mas para isto acontecer terá que haver dificuldade de prova, ou pelo menos dúvida, que dos atos praticados pelos inspetores resultou a morte direta e às suas mãos.

Mas isto ninguém percebe quando se trata de justiça.

8.5.21

O ministro que não acerta... uma.

Eduardo Cabrita tem alguma dificuldade em acertar. Depois do caso SEF, gerido de forma completamente descabida, do desautorizar do diretor nacional da PSP, Magina da Silva, do caso das golas antifumo, junta agora o caso Zmar.

O ministro não consegue acertar nem no modo nem na forma de lidar com a situação dos trabalhadores ilegais. Primeiro temos a questão humana da ilegalidade da presença no país e das condições sub-humanas em que vivem. Da exploração, por alguns “contratadores”, que pagam valores irrisórios aos trabalhadores, cobrando das empresas agrícolas muito mais. Urge pois resolver a questão da permanência no país, da regularização dos “contratadores” porque, e é uma realidade, a mão de obra é necessária para os produtores. Segundo, a questão da saúde que, devido às condições em que vivem, é difícil conseguir gerir contágios. Terceiro, a questão do alojamento. Foi de uma falta de bom senso incrível, esta decisão de uma requisição civil de uma propriedade privada. Mesmo depois de saber da providência cautelar interposta pelos proprietários, que aconselhava prudência, transferiu os trabalhadores a meio da noite, com acompanhamento policial e arrombamento de portões. Tudo isto para que poucas horas depois o tribunal desse razão aos proprietários e tivesse que, envergonhadamente, retirar novamente os trabalhadores durante a noite.

Este é um ministro a prazo e presumo que, não fosse a presidência portuguesa da União Europeia e já teria caído. António Costa não tem mais condições para o manter.